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domingo, 1 de maio de 2011

As Estações

Quando Deus escreveu a primavera, Ele pensava em perfumar a solidão. Torná-la mais poética, povoada de aromas, inundada de sutilezas. A mais repleta das estações nasceu do ventre da solidão, as suas tintas ornam o poético que reside nas fragrâncias. As flores não possuem aromas, as flores vestem os aromas. Imaginem elegantemente vagando por ai, em noite ensolarada, um aroma vestido de orquídea. Delírio. Sou um colecionador de delírios.

Quando escreveu o inverno Deus pensava em se pensar melhor, e chorou. Encharcou o mundo, orvalhou a vida e fez nela brotar a poesia.

Quando escreveu o verão Deus quis dá um tom pomposo para o crepúsculo, hipnotizar olhos contemplativos, quis que olhos apaixonados tivessem a possibilidade de entardecer o amor desejado. Quis que poetas pudessem escrever frases como: Seus olhos de entardecer crepúscularam a minha noite. Meu amor cheirava a um lindo verão. Deus poemou tal estação e deu-lhe o calor do Seu acolher.

Quando escreveu o outono Deus quis que a poesia sempre renascesse, maravilhosa, quis o lirismo da delicadeza, o lirismo de árvore chorando. Quis fazer-Se poeta e Se fez.

Alessandro Palmeira. Autor do Diário de Mória, Amor, abstrata loucura e Prece ao Pecado. Atualmente dedica-se a revista Expoente, (www.revistaexpoente.blogspot.com).

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