ROTA 66, de Caco Barcellos

QUE LIVRO!!! Eu já era, agora estou ainda mais apaixonada por Jornalismo Investigativo. Quer dizer… jornalismo investigativo é redundância – dêerr! Quis dizer que, a paixão pela investigação aumentou. Aumentou também o nojo do ofício de porta-voz de ‘versões oficiais’ para justificar erros.

A obra de Caco deixa claro, jornalista que é jornalista tem um lado. Tem opinião. Claro que nem sempre expõe por uma questão de sabedoria e/ou ética e por conseguir visualizar os possíveis resultados antes de se colocar como formador de opiniões.

Ter um lado nem sempre é confortável. É preciso ter faro, talento, sensibilidade, paciência para montar o quebra-cabeça da história e acima de tudo, coragem. O sensacionalismo não é o caminho indicado. Dá sim, para mostrar a realidade sem precisar distorcê-la ou fazer ‘média em cima dela’. Isso é possível por meio do respeito pelas pessoas e por suas histórias, sejam elas de qual lado for. O resultado é a conquista da credibilidade de todos os lados envolvidos. 

Trecho do capítulo II: Doutor Barriga - Página 24

“Os suspeitos, antes perseguidos de forma injusta, agora muitas vezes eram mortos sem chance ou direito de defesa. Não só no meu bairro pobre, mas também na periferia de todas as grandes cidades do país. Porém, depois de 73, eu já não sofria como antes. Tornei-me testemunha dos sofrimentos dos outros. Já era repórter.”

(Caco Barcellos)