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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Religiosidade Borari

Uma tradição que resiste ao tempo!


Todos os anos, comunitários da vila de Alter-do-chão, realizam o tradicional ritual religioso indígeno, herança dos primeiros descendentes do lugar: os Borari.
Tudo começa com uma missa, onde todos os que vão trabalhar ou participar do festival folclórico, recebem uma benção especial, proteção.
O ritual é uma mistura das tradições indígenas com a religiosidade dos jesuítas.

Em seguida, em procissão, os personagens da tradição como, os juízes, mordomos e procuradores, seguem em direção à praia para buscar os mastros.
À frente, o capitão do Sairé. Logo atrás, a Saraipora, autoridade máxima da festa, carrega o símbolo maior da tradição: um semicírculo de cipó torcido, envolvido por algodão, flores e fitas coloridas. No centro existem três cruzes e no topo dele uma outra, que juntas representam a santíssima trindade e um só deus. Na praia, inicia uma competição entre homens e mulheres, que exige força e resistência: conduzir os pesados mastros, que representam a virilidade dos homens e a fertilidade das mulheres, até a praça.
Na chegada, ao som do Marambiré, os troncos são enfeitados com frutas regionais e em seguida, erguidos. Ganha, quem levantar primeiro. Como parte do ritual indígena, os personagens da festa dão duas voltas em torno dos mastros, como forma de agradecer pela boa colheita.

Passados quatro dias, período em que é realizado o festival folclórico de Alter-do-Chão, que tem como ponto alto a disputa entre os botos Tucuxi e Cor-de-rosa, é realizada a etapa final do ritual da fartura: a derrubada dos mastros.


Novamente em procissão, os personagens do sairé, dão as duas tradicionais voltas em torno dos símbolos da fartura, virilidade e fertilidade.
Em seguida, são escolhidos dois comunitários para subir nos troncos. Além de escalar os mastros, eles, têm mais duas tarefas: distribuir as frutas aos presentes e tirar as bandeiras do topo, para entregar aos juízes responsáveis pelo sairé do próximo ano.

Para derrubar os troncos, cada um, tem o direito a dar um golpe de machado. Ganha, quem colocar primeiro, o mastro no chão.
Depois, personalidades da festa, em procissão, levam os mastros para o Sairódromo, local onde os botos Tucuxi e Cor-de-rosa se apresentam.
De volta à praça, ao som do quebra-macaxeira, turistas e comunitários passeam pelas barracas recolhendo alimentos para o banquete da confraternização, que tem como item principal, a famosa bebida fermentada, feita de mandioca, típica da região: o tarubá.


Misticismo e religiosidade unidos há mais de três séculos, num ritual repleto de simbolismo.

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